segunda-feira, agosto 23, 2010

351. O VERMELHO E O NEGRO 

Vermelho e o Negro

Acabei de reler as aventuras de Julien Sorel. Já tinha lido "O Vermelho e o Negro" há muitos anos por empréstimo da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian que passava em S. João de Areias. Reli-o agora com muito prazer. No "boletim informativo" da F. C. Gulbenkian, série II, n.º 1 de 1964 escrevia-se o seguinte:
"A obra de Henri Beyle, mais conhecido pelo pseudónimo de Stendhal (1783-1842), não despertou o interesse dos seus contemporâneos (Balzac conta-se entre os seus raros admiradores), e foi o nosso tempo que lhe fez justiça incluindo-o entre os grandes romancistas universais. Tendo vivido em pleno romantismo e falecido quando o realismo ensaiva com timidez os primeiros passos, os seus dotes de análise, a sua fina penetração psicológica, o seu desdém pela moral romântica do sentimento e as flores do estilo romântico, colocam-no fora da sua época, ou tão adiantado sobre ela que já se encontra no limiar da nossa.
Stendhal mostra a força da paixão com nitidez e frieza; poucos o igualam na argúcia e na subtileza a analisar os sentimentos.
O seu romance, como o do seu antecessor Benjamin Constant, chega a lembrar um laboratório, onde dissecam com gelada lucidez as paixões humanas. O seu método é o de um racionalista; mas a sua arte, onde nunca se procura o alarde ou se força o efeito, nem por isso deixa de ser arrebatante.
Os personagens de Stendhal caracterizam-se pela complexidade e a contradição dos sentimentos, que nunca tinha sido aprofundada até ao ponto em que ele o faz. Com Stendhal, a alma humana deixa de ser uma entidade vaga e abstracta para se transformar em objecto de busca e de indagação: o facto concreto aparece em toda a sua nudez, sem que a linguagem o deforme ou amplie. O seu conceito do homem é puro e elevado, mas sem exageros idealistas.
Uma aspiração clássica preside à realização desta obra, em que ao rigor do estilo corresponde a nitidez das figuras, onde nada envelheceu, e vai contando cada vez mais fiéis admiradores"
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Tenho pena de já ter acabado "O Vermelho e o Negro". Estas famílias acompanharam-me, quase obsessivamente, nos últimos dias... e agora já estou com saudades delas!


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