sábado, janeiro 03, 2009

340. SENTIMENTO INTRUSIVO 

A organização de uma fotobiografia com rigor historiográfico obriga a uma metodologia exaustiva que atravessa mesmo sem querer os territórios do íntimo e do privado. São muitos os momentos em que somos surpreeendidos pela incomodidade de um sentimento intrusivo ou que nos sentimos a terceira pessoa de um diálogo a dois.

Helena de Freitas - "Entrada", in [Catálogo raisonné] Amadeo de Souza-Cardoso - Fotobiografia, pág. 13, F. C. Gulbenkian, Lisboa, 2007.

Sinto muitas vezes essa "má" experiência nos trabalhos que estou a realizar sobre a minha terra. Sei o que os padres escreveram nos registos paroquiais, conheço quem esprestou dinheiro com o intuito de ficar com as terras do devedor, sei o que se escreveu nas partilhas, nos testamentos (alguns foram rasurados mais tarde a mando do testador!). Conheço melhor as pessoas dos séculos XVIII e XIX da minha freguesia do que as da actualidade... E isso é complicado! Quando vou, sozinho, ao cemitério, visitar o local onde estão sepultados os meus familiares, peço desculpa a essas pessoas que ando a bisbilhotar.


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