sábado, setembro 24, 2005

284. PENSAVA-O IMORTAL 

Eduardo Prado Coelho disse de António Reis:

«(...)Era admirável ouvir o António Reis falar dos seus filmes. A sua força está em ter vivido sempre no interior deles, numa espécie de autismo obstinado. A sua fraqueza está também nesse mesmo autismo. Mas era uma fraqueza como a das crianças que são por natureza fracas e implacáveis - por isso nos sentíamos seduzidos e comovidos quando ele nos explicava o filme que rodava incessantemente dentro da sua cabeça, circular perfeito. E ele explicava: aquele vermelho, procurámos a aldeia toda para encontrar aquela lã vermelha que ali estava certa. E aqui era preciso que o olhar se prolongasse porque a despedida era imensa. E contava, contava sempre, o seu filme infinitamente outro em si mesmo. Se o pensava imortal, é porque sempre vi António Reis fora do tempo - isto é, dentro do seu filme».

Eduardo Prado Coelho - "Um autismo obstinado", in JL, pág. 7, 17 de Setembro de 2005 - a ler no blogue António Reis.


segunda-feira, setembro 19, 2005

283. AINDA AO SOL... 



... na «casa» construída pelo meu irmão João.

Sara Neves, 11 anos


sexta-feira, setembro 16, 2005

282. AO SOL... 



... preparando o Inverno!

Aldeia: Vila Deanteira - Data: 16 de Setembro de 2005, 14 horas - Cobertores da Sr.ª Rosa Padeira


quarta-feira, setembro 14, 2005

281. A BERTA DO TOMÉ DA PÓVOA 

Quando, à noite, Berta se retirou enfim ao seu antigo quarto, havia já satisfeito a sede de afectos e de saudades que a devorava ao chegar.
O coração batia-lhe com o ritmo normal, habituara-se de novo a sua sensibilidade aos objectos que lhe foram familiares na infância; da impressão que o primeiro olhar que lançou sobre eles lhe produzira, já nem indícios restavam.
(...)
O sossego da hora, o silêncio do campo, apenas cortado por uns indistintos murmúrios, que são o mistério das noites campestres, conspiravam par aumentar-lhe esta melancolia.
(...)
Como para fugir à estranha melancolia que a dominava, Berta chegou à janela do quarto, que deitava para os campos.
Há uma misteriosa solenidade no espectáculo que de noite, e noite de pouca luz, se goza assim de uma janela aberta, no campo. Há fora um silêncio que amedronta, uma escura vastidão que apavora, silêncio que às vezes interrompe o rastejar furtivo de um réptil, o cair de uma folha, e não sei que outros ruídos vagos; escuridão onde parece distinguir-se o movimento de umas formas estranhas e monstruosas.
(...)
E Berta(...) erguia os olhos para o vulto da Casa Mourisca(...). Era escuro todo ele, e parecia ali posto como um destes monstros enormes que guardavam os jardins encantados.
De repente o monstro abriu um olho.
Apareceu uma luz em uma das torres do palácio.
Era a única que divisava em toda aquela escuridão.
Berta não pôde mais desviar os olhos dela.
De quando em quando desaparecia momentaneamente a luz, como se alguém passeasse diante. Depois fixou-se, e somente mais de espaço a espaço se eclipsava, para surgir mais viva.
Tudo parecia indicar que se velava ali dentro.
- Será o sr. D. Luís? - perguntava a si mesma Berta, observando a luz. - Em que pensará ele a estas horas? Pobre velho, ali só, naquela casa deserta!... É em Beatriz decerto que pensa, como eu... Ou, quem sabe? talvez não seja o fidalgo, mas algum dos filhos; Maurício, provavelmente... Sim, ali deve ser o quarto deles...


Júlio Dinis (1839-1871)- Os Fidalgos da Casa Mourisca, págs. 102-105, Porto Editora (Col. Portuguesa), s/d. "Os Fidalgos da Casa Mourisca" foram publicados em 1871, ano do falecimento de Júlio Dinis, aos 32 anos.


terça-feira, setembro 13, 2005

280. NO SILÊNCIO DA NOITE 

Revejo, eu e os meus filhos António e João, o filme "Longe" de Cristina Hauser.
A nossa vulnerabilidade não é uma inevitabilidade. Se nos vacinarmos em pequenos, o efeito é menor. Talvez...

Longe, filme de Cristina Hauser, com Pedro Ayres Magalhães e Susana Borges, cor, 59 min., 1988


sábado, setembro 10, 2005

279. MORTE QUOTIDIANA 



António Reis faleceu em Lisboa, a 10 de Setembro de 1991.
Faz hoje 14 anos.
O poema de Eugénio de Andrade foi escrito na altura do falecimento do cineasta e foi cedido em 12 de Setembro de 1997 para a obra António Reis e Margarida Cordeiro - a poesia da terra, de Anabela Moutinho e Maria da Graça Lobo, pág. 92, Cineclube de Faro, Faro, 1997.
No blogue António Reis faremos uma recolha de notícias sobre o falecimento de António Reis.


segunda-feira, setembro 05, 2005

278. AUTO-RETRATO DE REMBRANDT 



Juliette Binoche e Klaus Michael Grüber, no filme Les Amants du Pont-Neuf, de Leos Carax (1991)

sexta-feira, setembro 02, 2005

277. BIBLIOTECA DE VILA DEANTEIRA 

Criámos uma biblioteca na nossa terra!

Chama-se: "BIBLIOTECA DE VILA DEANTEIRA - o saber não ocupa lugar".

O meu pai, há muito tempo, quis criar uma biblioteca na minha terra. Chegou mesmo a juntar alguns livros: uns livros pertenciam ao meu pai e outros tinham sido oferecidos por dois amigos. . .
Mas a biblioteca, por várias razões, nunca chegou a ser criada.
Eu vi os livros e gostei da ideia de criar uma biblioteca; falei com os meus irmãos que também ficaram entusiasmados e deitámos mãos à obra.
Nós adoramos ler e queremos dar uso e partilhar os livros, que estavam abandonados a um canto, com os nossos colegas e amigos.
Todos os livros ficam guardados em nossa casa até, um dia, ser criada uma biblioteca com edifício próprio na nossa aldeia.

E já tem site: www.geocities.com/bibvdeanteira! Esperamos pela sua visita!


Post de Sara Neves, 11 anos


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter


referer referrer referers referrers http_referer