domingo, junho 26, 2005

265. BLOGUE "ANTÓNIO REIS" 



Há muito que não actualizávamos o blogue "António Reis".
A nossa vida do dia-a-dia não o tem permitido. Estamos todos, os de aqui de casa, a reunir esforços para continuarmos a dar a conhecer a obra deste grande cineasta português!
Colocámos hoje uma imagem que ajuda a caracterizar, como pessoa, o cineasta.
até lá fazer uma visita!


sexta-feira, junho 24, 2005

264. O POETA II - JÚLIO 



Gosto imenso da série "O Poeta" de Júlio (Júlio dos Reis Pereira). Existirá alguma publicação que reúna esses desenhos? Se souberem... digam qualquer coisa.

AJUDA: Joaquim Bispo informou-nos que há um CD com toda a obra de Júlio. Edição de Plano 9, R. do Ataíde, 14, 1200-035 Lisboa. Telef. 213427714 Email: plano9@oninet.pt


quarta-feira, junho 22, 2005

263. VEM SENTAR-TE COMIGO, LÍDIA. 

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
              (Enlacemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
              Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
              E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
              E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
              Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
              Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
              Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
              Pagã triste e com flores no regaço.

Ricardo Reis - Odes, págs. 23-24, Edições Ática, Lisboa, 1994


sábado, junho 18, 2005

262. DIA DURO 

Hoje foi um dia dedicado à agricultura.
Batatas e videiras... esgotaram-nos o tecido muscular estriado esquelético!
Acabei de jantar há pouco.
Como é bom viver no campo!...


sexta-feira, junho 17, 2005

261. RENÉ BERTHOLO 



Retrato do pintor: Elna Voss-Hellwig; "O Lugar Indicado", óleo sobre tela - 114x146cm - 2002; quadro da exposição "O Sol e a Lua".

Termina amanhã a exposição de René Bertholo "O Sol e a Lua", no Palácio da Galeria, em Tavira, integrada no evento Faro Capital Nacional da Cultura 2005.
Foram os últimos trabalhos do pintor.
René Bertholo faleceu no passado dia 10 de Junho de 2005, aos 70 anos, vítima de doença prolongada.

Saber mais sobre o pintor


quinta-feira, junho 16, 2005

260. AQUELA NUVEM 


Nuvens sobre os telhados de Vila Deanteira


- É tão bom ser nuvem,
ter um corpo leve,
e passar, passar.

- Leva-me contigo.
Quero ver Granada.
Quero ver o mar.

- Granada é longe,
o mar é distante,
não podes voar.

- Para que te serve
ser nuvem, se não
me podes levar?

- Serve para te ver.
E passar, passar.


Eugénio de Andrade - Aquela Nuvem e Outras, Campo das Letras, 1986.

Estamos a ouvir este poema lido por Eugénio de Andrade no CD "Histórias Mágicas". Eugénio de Andrade lê calmamente, dando-nos tempo para pensar no que dizem os seus versos...

Sara, António e João


segunda-feira, junho 13, 2005

259. O SAL DA LÍNGUA - Eugénio de Andrade 


© Luísa Ferreira


Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.

Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?

Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.

Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.

Elas são a casa, o sal da língua.


Eugénio de Andrade (1923-2005)


sábado, junho 11, 2005

258. NO SILÊNCIO DA NOITE 



Revejo La Mitad del Cielo do realizador Manuel Gutiérrez Aragón, com Angela Molina


sexta-feira, junho 10, 2005

257. VINDE CÁ, MEU TÃO CERTO SECRETÁRIO... 



Canção X

Vinde cá, meu tão certo secretário
Dos queixumes que sempre ando fazendo,
Papel, com que a pena desafogo!
As sem-razões digamos que, vivendo,
Me faz o inexorável e contrário
Destino, surdo a lágrimas e a rogo.
Deitemos água pouca em muito fogo;
Acenda-se com gritos um tormento
Que a todas as memórias seja estranho.
Digamos mal tamanho
A Deus, ao Mundo, à gente e, enfim, ao vento,
A quem já muitas vezes o contei,
Tanto debalde como o conto agora;
Mas, já que pera errores fui nascido,
Vir este a ser um deles não duvido.
Que pois já de acertar estou tão fora,
Não me culpem também se nisto errei.
Sequer este refúgio só terei:
Falar e errar, sem culpa, livremente.

continua...

Luís de Camões - Canções 1595 e 1860, Instituto Camões, 1998-2005


quinta-feira, junho 09, 2005

256. O CINEMA NO MUSEU 



Cinema no museu é um ciclo de 5 filmes que exploram a relação do cinema com as artes, organizado em parceria pelo Cine Clube de Viseu e o Museu Grão Vasco.


segunda-feira, junho 06, 2005

255. O POETA 



Desenho de Júlio da série "O Poeta"; retirado da capa do Boletim Informativo, série II, N.º 3, publicado pelo serviço de bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian em 1965.

Estamos numa sessão de poesia! Cá em casa, claro!
Estas tardes de calor esgotam-nos. Todos os pretextos são bons para fugir aos trabalhos e às obrigações.
Tudo começou quando a minha filha leu o poema de D. Dinis, "Ay flores, ay flores do verde pyno", que vem no seu manual de História. Eu aproveitei para parar de trabalhar e ler o poema-história de Alberto Caeiro sobre o menino que fugiu do céu porque "era nosso demais para fingir de segunda pessoa da Trindade". O António continuou a festa com "A Nau Mentireta" de Luísa Ducla Soares.
E os trabalhos? Fazem-se depois do jantar...


sábado, junho 04, 2005

254. AS ALDEIAS 



Eu gosto das aldeias sossegadas,
Com seu aspecto calmo e pastoril,
Erguidas nas colinas azuladas -
Mais frescas que as manhãs finas de Abril.

Levanta a alma às coisas visionárias
A doce paz das suas eminências,
E apraz-nos, pelas ruas solitárias,
Ver crescer as inúteis florescências.

Pelas tardes das eiras - como eu gosto
de sentir a sua vida activa e sã!
Vê-las na luz dolente do sol-posto,
E nas suaves tintas da manhã!

As crianças do campo, ao amoroso
Calor do dia, folgam seminuas,
E exala-se um sabor misterioso
Da agreste solidão das suas ruas!

Alegram as paisagens as crianças,
Mais cheias de murmúrios de que um ninho,
E elevam-nos às coisas simples, mansas,
Ao fundo, as brancas velas dum moinho.

Pelas noites de Estio, ouvem-se os ralos
Zunirem suas notas sibilantes.
E mistura-se o uivar dos cães distantes
Com o cântico metálico dos galos...


Gomes Leal (1848-1921) - Claridades do Sul


quinta-feira, junho 02, 2005

253. O STUDIO DE MIREILLE 




Leos Carax - Boy Meets Girl, França, 1984

Jean-Yves Escoffier (Director de fotografia): "Carax had had bad experiences with crews on his short films, so he was determined to avoid any problems. He would speaks with his producers, but he would hardly speak to he crew and he elected me as his intermediary spokesman. The crew didn't like him all the time, but they respected him because he was never discourteous, although he would be very introverted, which I think was a way of protecting himself and staying focused".

Alexander Ballinger - New Cinematographers, pág. 40-42, Laurence King, UK, 2004


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