segunda-feira, abril 25, 2005

245. BIOLOGIA NA NOITE DE AVEIRO 



Biologia na Noite - 26 de Abril e 2, 9, 16 de Maio - Universidade de Aveiro, Departamento de Biologia.
O Presidente do Conselho Directivo do Departamento de Biologia é o Professor Catedrático Amadeu Mortágua Velho da Maia Soares, um dos 73 cientistas portugueses contemplados, em 2004, com o Prémio "Estímulo à Excelência", do Ministro da Ciência e Ensino Superior de Portugal.
Primeira Conferência - 26 de Abril, 3ª-feira, 21,30h
Grande Auditório do Centro Cultural e de Congressos da Câmara Municipal de Aveiro
Um projecto em Timor: biodiversidade e costumes
Profs. Jorge Paiva, Helena Silva, Paulo Silveira, Univ. de Aveiro
Música ao Vivo após a conferência, no Olaria Bar
PRÉ-INSCRIÇÕES: bionoite@bio.ua.pt
NOTA: Todas as conferências terão o seu início às 21,30h, em ponto.


sexta-feira, abril 22, 2005

244. O RELÓGIO DA SAUDADE 

Hoje, ao jantar, li aos meus filhos:

Não há no mundo gente mais amiga da sua Pátria que os Portugueses. Por isso, não se sabe de onde lhes vem o grande desejo de embarcar para longes terras.
Verdade seja que eles partem sempre com ideia firme de voltar. E, enquanto não regressam, mandam muito de quanto economizam para embelezar a sua casa e a sua aldeia. Muitos vêm mais pobres e com menos saúde do que partiram. E alguns nunca mais voltam.
Assim aconteceu a um pobre camponês do Minho que, depois de dizer adeus à sua terra, emigrou para Buenos Aires com esperança de voltar rico, daí a cinco anos.
Queria, é certo, enriquecer depressa, mas Deus o livrasse de seguir por outros caminhos que não fossem os da honra e do trabalho. Porém, sempre cansado e pobre, nem sequer juntou dinheiro para voltar ao seu querido Minho.
Sozinho, já sem família, pela Argentina ficou toda a vida, numa saudade ainda mais dura do que a pobreza.
E agora, velho e doente, tudo o que conseguira fora uma casa térrea, com um minúsculo jardim, onde sempre se recusaram a ganhar raízes uns pés de videira que mandara ir da sua terra.
Fome, não a tinha; mas era pobre o seu viver, tanto mais que, nos últimos tempos, juntava tudo quanto podia para comprar um relógio que vira na mais rica ourivesaria da cidade.
No dia em que o obteve, exclamou, conformado com a sua sorte:
- Agora, sim, posso morrer...
Com efeito, não tardou que a morte lhe viesse bater à porta.
O confessor, chamado à pressa por um vizinho, ficou admirado daquele relógio enorme e luxuoso, que, ao bater as horas, enchia a casa até à rua, com a vibração dos seus bordões, a lembrar sinos duma torre.
- Comprei-o com os últimos ganhos - explicou o doente depois da confissão, olhando comovidamente para o relógio. - Uma vez, ao passar perto da ourivesaria, ouvi-lhe o som e fiquei preso a ele. Era mesmo o tom do sino da minha aldeia. Não descansei enquanto o não tive. Trabalhei já sem forças, apressei talvez a morte para o poder comprar. Mas, também, durante a doença ele tem-me feito melhor do que todos os remédios...
- Não fale tanto, que lhe faz mal... - recomendou o médico que entrava nesse momento.
- Agora, quando fecho os olhos, sinto que vou morrer pertinho da igreja e do cemitério do meu país, ao som do sino da minha terra...
Passou-lhe no rosto um clarão de ventura, e continuou de olhos cerrados quando o relógio começou a bater as horas do meio-dia.
- Oh! Vejo tudo: o mar azul, a terra verde, o Minho, o sol, o céu de Portugal!...
Calou-se. No rosto, já imóvel, fixara-se um sorriso de consolação. E, lentamente, o relógio acabara de dar as horas do meio-dia.


Ministério da Educação Nacional - O Livro da Terceira Classe, 4.ª Edição, págs. 147-148, Porto Editora, 1958 [mas adquirido na década de 70!!]

Este foi um dos textos que mais me marcou durante a minha vida escolar. Está bem... pensem e digam o que quiserem sobre ele. Não me importo... Não o conseguia ler sem me virem as lágrimas aos olhos. Julgava-me curado dessas pieguices, mas mesmo hoje me foi difícil lê-lo aos meus filhos.


quarta-feira, abril 20, 2005

243. SER PROFESSOR 

"Peço desculpa por não ter avisado mais cedo, mas só um TAC que fiz de urgência no Sábado revelou a natureza do meu problema de saúde [...]. Estou muito preocupada com os meus alunos de 12.º [...]. Peço o favor de entregarem as pastas dos portfolios às alunas [...] para elas os devolverem aos colegas. [...] Lembro também que os alunos vêm expressamente para as aulas de Português (3.ª e 4.ª, creio), pelo que é importante avisá-los já hoje da situação."

Excerto da última carta da professora Inês Cosme aos órgãos de gestão da Escola onde leccionava - in Escola Informação, n.º 196, pág. 13, SPGL, Março 2005


quinta-feira, abril 14, 2005

242. BUSTO DE ROBBÉ DE BEAUVESET - por LEMOYNE (Actualizado) 


Fotografia de Margarida Ramalho, in Guia da Escultura Europeia
do Museu Calouste Gulbenkian, pág. 25, 1998 (a reprodução para o blogue é de má qualidade)


Ao vermos este busto ao vivo ou na fotografia do Guia, ficamos com a sensação que o barro ainda está fresco, que estamos em 1765 e Lemoyne (1704-1778) o acabara há pouco. Traz-me também à ideia bons momentos que vivi no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, onde eu procurava desanuviar das tarefas datadas e definidas do meu curso.


quarta-feira, abril 13, 2005

241. GUIA DA ESCULTURA EUROPEIA DO MUSEU GULBENKIAN 

É um belo Guia. Bom texto, boas fotografias e bom arranjo gráfico.
O texto é de Maria Rosa Figueiredo, Conservadora Principal. Através de textos curtos, claros e incisivos, apoia o visitante da Colecção de escultura do Museu, "fornecendo-lhe pequenos apontamentos históricos ou iconográficos, que lhe permitam melhor compreender as obras de arte".
A propósito das obras de Carpeaux (1827-1875), na pág 48, refere-se assim a "A Dança", obra que mostrámos nos posts 161 e 168:
"Inaugurada em Julho de 1869, A Dança acabou por ser uma das esculturas públicas mais controversas do séc. XIX. Com nove personagens em vez das três inicialmente previstas, o grupo representava o Génio da Dança rodeado por bacantes e tendo a seus pés um cupido. A intenção principal de Carpeaux era dar a sensação de movimento e conseguiu-o utilizando uma dinâmica dupla. O Génio da Dança domina a composição com a sua verticalidade enquanto, em seu redor, as bacantes captadas a meio de uma passada ou de um movimento de dança, organizam-se circularmente, quase em turbilhão,com os seus corpos planturosos, e que contrastam com o corpo esguio e quase andrógino do Génio".
Sobre Carpeaux diz, na pág. 44: "Herdeiro da graça e do sorriso do séc. XVIII, Carpeaux conseguiu libertar a escultura francesa de um certo academismo que se tinha estabelecido, abrindo caminho à revolução iniciada por Rodin"
Aconselhamos uma visita à colecção de escultura do Museu Gulbenkian... naturalmente ajudados pelo Guia.

Nós, os daqui de casa, já o fizemos. Pela Páscoa! Já tinhamos saudades da Gulbenkian... Da colecção, claro!, mas também de almoçar no refeitório do CAM e de nos deitarmos na relva. Os jardins é que tardam a ser completamente recuperados.


segunda-feira, abril 11, 2005

240. NO SILÊNCIO DA NOITE 

Releio "Conta-Corrente 5" de Vergílio Ferreira.

11-Abril-1985 (quinta). Quase todos os dias agora me sinto como casa abandonada. Ou um pombal desabitado. Ou uma aldeia deserta. Há uma memória da vida que se ausentou, pelo simples facto de interrogar essa morada vazia. E isso é mais doloroso do que se moradia não houvesse. Como num deserto.


segunda-feira, abril 04, 2005

239. BRANCO 








Silêncio


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