domingo, março 27, 2005

238. VIVA O PAPA 



Em 1982, tal como hoje, é o que apetece dizer.


sábado, março 26, 2005

237. ENTERRO DO SENHOR EM S. JOÃO DE AREIAS 




Quinta-feira Santa a procissão do Senhor dos Passos decorre entre a Igreja e a capela de S. Pedro, de noite, à luz de velas nas janelas e nas mãos dos acompanhantes.
Ao outro dia, Sexta-feira Santa, o enterro do Senhor segue pelo percurso inverso, em direcção à Igreja.
Em outros tempos, junto à capela de S. Pedro, o pregador dirigia-se à multidão historiando os últimos dias da vida de Cristo. A elevação onde se encontra a capela ajudava a criar as condições cenográficas. Os fiéis espalhavam-se a seu redor.
O enterro do Senhor assumia um maior relevo. Destacava-se a intervenção de Verónica com o cântico "Oh! Homens que passeis pela rua, parem e vede se há dor igual à minha...".
Ainda hoje são lembrados os desempenhos de algumas raparigas nessa figura.


quinta-feira, março 24, 2005

236. O PENSAMENTO FILOSÓFICO EM PORTUGAL 



Soube que existia uma filosofia portuguesa através dos Boletins Informativos do serviço de bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian.
Li com grande surpresa os Boletins da série II, n.ºs 23, 27 e 28.
A escola nunca me deu a conhecer os filósofos Santo António, D. Duarte, Leonardo Coimbra, Delfim Santos, etc. Os meus amigos licenciados em filosofia também pouco me ajudaram...
Ajudaram-me sim os meus amigos de Sesimbra, o Sr. Rafael Monteiro (Lá no alto receberá a minha mensagem!) e o Arq.to Luís Paixão.
À Gulbenkian e a estes meus amigos aqui presto homenagem por tudo aquilo que me ensinaram.

Tudo isto a propósito da publicação pelo Círculo de Leitores, e agora também pela Editorial Caminho, da História do Pensamento Filosófico Português, em 7 volumes e dirigida por Pedro Calafate, Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa. Vou comprar... Pedro Calafate ao último JL: «O que tem feito perder a Filosofia é, por vezes, a ininteligibilidade do discurso do filósofo. Ele tem que fazer um esforço por se fazer entender».


terça-feira, março 22, 2005

235. IDÍLIO - Antero de Quental 

Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos de um fôlego as colinas
Do rocio da noite inda orvalhadas;

Ou vendo o mar, das ermas cumeadas
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe no horizonte amontoadas:

Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces...

O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das cousas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.


Antero de Quental (1842 - 1891) - "Idílio", in Poemas de Amor - Antologia de poesia portuguesa, org. e prefácio de Inês Pedrosa, 6.ª edição, pág. 77, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2003

Poema escolhido pela Fátima


segunda-feira, março 21, 2005

234. CORAÇÃO, OLHA O QUE QUERES 

Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

Tão tirana e desigual
Sustentam sempre a vontade,
Que a quem lhes quer de verdade
Confessam que querem mal;
Se Amor para elas não vale,
Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

Se alguma tem afeição
Há-de ser a quem lha nega,
Porque nenhuma se entrega
Fora desta condição;
Não lhes queiras, coração,
E senão, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

São tais, que é melhor partido
Para obrigá-las e tê-las,
Ir sempre fugindo delas,
Que andar por elas perdido;
E pois o tens conhecido,
Coração, que mais lhe queres?
Que, em fim, todas são mulheres!


Francisco Rodrigues Lobo (1579 - 1621) - Primavera, 1601


domingo, março 20, 2005

233. O MENINO DO COBERTOR - LAURO CORADO 



Lauro Corado (1908 - 1977)
O Menino do Cobertor, s.d., Óleo sobre tela, 53 x 43 cm, Museu Grão Vasco, Viseu

O "Calvário" nem sempre foi um dos meus quadros preferidos no Museu Grão Vasco.
A falar verdade, na primeira vez que o vi, aquelas figuras mal encaradas até me meteram medo.
O Menino do Cobertor sim, esse foi amor à primeira vista. Os seus olhitos, ainda de cor indefinida, olharam-me fixamente... O cobertor de papa era igual ao meu... Mas o meu picava-me...
Cada vez que visitava o Museu corria para a sala onde ele se encontrava. Ainda tentei pintar um igual, mas não saiu nada de jeito.
Da última vez que visitei o remodelado Museu Grão Vasco não o vi. Deveu-se, estou certo, à minha pressa. Não acredito que o tenham retirado para as sombras das reservas!


sexta-feira, março 18, 2005

232. CALVÁRIO - GRÃO VASCO (Actualizado) 



Vasco Fernandes (c.1475-1542)
Calvário, c. 1530, Óleo sobre madeira de castanho, 242.3 x 239.3 cm
Museu Grão Vasco, Viseu

"No Calvário, Cristo surge crucificado entre o Bom e o Mau Ladrão, acompanhado na dor pela Virgem desfalecida, Madalena, S. João e duas santas mulheres. À multidão de guardas e carrascos, num espectáculo de expressivo dramatismo, acrescem ainda as cenas do transporte da escada, à esquerda, e o enforcamento de Judas, em escala miniatural, à direita, acompanhado de um pequeno diabo que lhe leva a alma" (Dalila Rodrigues - Roteiro do Museu Grão Vasco, pág. 127, Edições Asa, 2004).
O Calvário é uma das obras de Grão Vasco que mais admiro.
O nosso olhar fixa-se em Madalena e na Virgem, sobe até Cristo, desce até ao grupo de figuras que repartem o manto, fixa-se em duas figuras, uma vestida de verde e a outra de vermelho, e termina em Judas enforcado.
De um lado, os convertidos: Madalena - vestida com uma blusa amarela, marca do pecado que lembra o seu passado, mas envolvida por uma enorme capa azul-claro que domina o primeiro plano e já representa a sua conversão - e o índio, que significativamente é representado na figura do Bom Ladrão por detrás de Madalena; do outro, almas perdidas, o Mau Ladrão e o traidor Judas.
Mas há muito que me intriga uma figura deste quadro. Quem é a personagem com armadura e capa vermelha que nos volta as costas e fala à multidão? As torções simétricas dos corpos de Cristo e do Mau Ladrão destacam-na. Um seu ouvinte atento, vestido de verde e de olhar vago, diz-se ser o próprio pintor Grão Vasco.
Quem será esta figura nuclear deste quadro e que tão ignorada tem sido pelos estudiosos de Grão Vasco?

 


domingo, março 13, 2005

231. ERA NA PRIMAVERA... 

"Sempre gostei de brincar com as palavras.
A mais antiga brincadeira de palavras que conservo são uns versinhos "A Uma borboleta Branca" que escrevi aos oito anos no quintal da minha velha casa e que começavam assim:

Ó borboleta
De asas de neve
Aonde vais
Tão branca e leve?

Linda boboleta
Da cor do jasmim,
Leva-me contigo
Tem pena de mim!

Havia realmente muitas borboletas brancas nesse quintal. Era na Primavera.


Ester de Lemos, "De Que São Feitos os Sonhos", Areal Editores, in Marques, Conceição; Timóteo, Nelson - Pequenos Leitores 4 - Língua Portuguesa, 1.ª Edição, pág. 99, Porto Editora, 2003

P.S. Andamos muito ocupados aqui em casa! Apesar disso, vimos nos últimos dias dois fimes: "O Fabuloso Destino de Amélie" do realizador Jean-Pierre Jeunet e um filme que o meu pai diz que é um "filme de culto", chamado "Paris, Texas" de Wim Wenders. Está prometido falarmos deles num dos próximos jantares. Até porque os vimos com cortes...

Sara, António e João.


domingo, março 06, 2005

230. O CHAPÉUZINHO 



Ilustração de Maria Keil para o poema "O Chapéuzinho" do livro de Matilde Rosa Araújo, O Cantar da Tila, págs. 16-17, Atlândida Editora, Coimbra, 1973.
Este desenho e o poema "O Chapéuzinho" é um dos preferidos do meu pai e nós também gostamos muito dele.

Escolha de Sara, António e João.

terça-feira, março 01, 2005

229. AOS QUARENTA 

"Antes dos quarenta, eu imaginava que aos quarenta anos cuidaria da minha saúde e seria feliz, que teria a vida arrumada. Não aconteceu nada disso. Aos quarenta anos não cuidei muito da minha saúde (deixo de fumar cigarros só no mês que vem - mas manterei os charutos) e não tinha a vida arrumada. Nunca se fica com a vida arrumada. Há sempre surpresas, mudanças, ameaças de tempestade. Quanto à felicidade, sei vagamente o que é: uma paisagem que nos arrasta para outra antes de a conservarmos para ilustração do espírito; o vento, antes de parar; a poeira gelada dos pólos ou a humidade dos trópicos; acordar noutro lugar. E os filhos, sim, os filhos. Eu espero que eles aprendam estes segredos e aceitem que o pai tinha direito às suas ilusões - e que me falem da sua própria felicidade (...)"

Francisco José Viegas - "Um elogio da viagem", in Volta ao Mundo, ano 11, n.º 125, pág. 12, Março 2005


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